04/09/2007

O Objeto do conhecimento


Para a epistemologia , o conhecimento é a relação entre sujeito e objeto. Sujeito é aquele que tem a capacidade de conhecer . Sem o conhecimento não existe sujeito.
O sujeito só se constitui sujeito quando ele conhece. Se alguém nunca entrou em contato com uma determinada realidade, essa pessoa não é sujeito.
Da mesma forma, a realidade só se torna objeto quando entra em relação com o sujeito. Do contrário, tal realidade é apenas um ser. O ser é tudo que existe, não importa a forma de existir. O pensamento, a letra, o número, o amor, a saudade, a paixão, a doença, um contrato, uma planta, um animal, o homem, são seres.
No momento em que o ser se relaciona com o sujeito, torna-se objeto. O ser quando se torna objeto adquire determinadas participações do sujeito que o transforma. Por causa dessas mudanças que o ser sofre quando se torna objeto,  alguns autores resolveram, para fins didáticos,  classificar o objeto em quatro tipos:

01.Objeto real: compreende o ser na sua inesgotável riqueza, na sua totalidade. É o que ele é realmente;

02.Objeto percebido: se permite ser o que o sujeito pretende que ele seja. O sujeito percebe a realidade por aqueles aspectos que para ele são importantes.
Tomemos como exemplo de objeto, uma bola. A bola, para um atleta, é um instrumento de trabalho; para um comerciante, é uma mercadoria; para um artesão é um artigo a ser consertado. etc.
Um objeto pode ser percebido de diferentes maneiras. E todo objeto se permite essas percepções que autorizam o sujeito a dizer do ser o que ele percebe.
O Objeto percebido não diz do objeto as suas características mais gerais e objetivas, mas expressa a forma como o sujeito se relaciona com ele.

03.Objeto Ideal : aquele que não existe naturalmente. Foi criado a partir da relação do homem com o mundo.  Facilita o entendimento do mundo. Por exemplo, as letras, o calendário, as medidas de comprimento, os números, o próprio dinheiro.
O número, por exemplo, não existe como os outros objetos do mundo real. Nunca se viu, nem vai se ver o número 1 em algum lugar. O que agente vê é uma forma que na nossa cabeça está convencionada a reconhecer como número 1.
Sem a mediação dos objetos ideais, o desenvolvimento das idéias, e consequentemente do pensamento estariam limitados.

04. Objeto Construído: A relação do sujeito com o objeto é sempre uma relação subjetiva e objetiva ao mesmo tempo. Mas, não podemos imaginar que , pelo fato do sujeito ter um papel ativo no processo do conhecimento, o objeto venha a ser qualquer coisa que o sujeito queira que ele seja.
Por esse motivo, para evitar excesso de subjetivismos e se produzir o conhecimento com determinados parâmetros de aceitação, a partir do século XVII começou a ser sistematizado o conhecimento científico moderno, cuja função é a construção do objeto através de métodos e procedimentos rigorosos.
O objeto construído é o objeto próprio da Ciência. É elaborado com uma consistência lógica e metodológica que permite maior confiabilidade no conhecimento obtido. É tratado com a máxima objetividade possível. E a participação do sujeito é monitorada pelos procedimentos metodológicos.
Por exemplo, uma mãe olha para o filho, percebe que ele está doente, mas não enxerga a causa do padecimento dele. Ela leva o filho a médico , e ele de posse de um instrumento teórico confiável ( objeto construído) , diz o que a criança tem e o que necessita ser feito.
Os fenômenos não se apresentam na sua totalidade, para a simples percepção. Faz-se necessário o domínio de um prisma através do qual se possa compreendê-los. Esse prisma é a teoria científica.
Aos cientistas cabe, de posse dos objetos ideais e dos amplificadores perceptivos, diminuir as influências das percepções imediatas do objeto(objeto percebido) para elaborar teorias mais confiáveis e consistentes acerca do real (objeto construído), visando um relacionamento mais adequado com o objeto real.

BIBLIOGRAFIA

GUEDES, Enildo Marinho. Curso de Metodologia Científica. HD Livros




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