07/09/2007

O papel do sujeito no processo do conhecimento

Para a epistemologia , o conhecimento é a relação entre sujeito e objeto. Sujeito é aquele que tem a capacidade de conhecer .
Sem o conhecimento não existe sujeito. O sujeito só se constitui sujeito quando ele conhece.
O Sujeito, aquele que conhece, é constituído pela natureza imanente semelhante a todo e qualquer ser vivo, mas, também, distingue-se de todos os outros pela sua capacidade de transcender o real, dando-lhe sentido e formando uma consciência que lhe é própria, única , individual e singular.
A produção do conhecimento fica condicionada a algumas determinações do sujeito: afetividade, cognição, organismo biológico, relações sociais. etc.
A construção da individualidade do sujeito se dá por uma infinidade de combinações. Combinam-se o que o sujeito já dispõe incorporado ao seu ser , sua afetividade, sua cognição, e cada nova experiência de sua vida.
A afetividade, por exemplo, é a primeira forma de percepção do sujeito. A criança, para muitos pesquisadores, já no útero materno, possui uma capacidade grande de perceber a afetividade da mãe e a dos que o cercam.
O recém-nascido, a cada relação com a mãe, assimila novas experiências afetivas e as une as outras experiências anteriormente existentes. Essa capacidade de juntar ás experiências novas ás já existentes, acontece a todo instante.
Mas, o sentido das experiências não é o mesmo para todas as pessoas, e nem é o mesmo para a mesma pessoa em momentos diferentes. A relevância das experiências para cada sujeito são do domínio da sua individualidade. Gêmeos uni vitelinos, criados pela mesma família, apresentam, traços afetivos diametralmente opostos.
A nível cognitivo, também não é diferente. A cada instante , através dos nossos cinco órgãos dos sentidos, chegam ao cérebro uma infinidade de informações. Além disso, há também, as informações do passado, as perspectivas do futuro etc. Cada estímulo assimilado é incorporado a esquemas anteriores de compreensão, modificando-os, tornando esses esquemas novos a cada instante.
Mas, o sujeito só processa aquele estímulo que faz sentido para ele. Por exemplo, um motorista , que esteja acompanhado e conversando com uma pessoa que lhe seja interessante, dirige o carro durante um longo percurso, sem ser capaz de recordar dos estímulos que se lhe apresentaram visualmente, na estrada.
A forma como a afetividade e a cognição se desenvolvem enfatiza a individualidade do sujeito que tem o poder de dirigir o seu aparelho perceptivo para aquilo que lhe interessa.
Também, o sujeito é formado por um organismo biológico. Na fecundação, o espermatozóide tem uma configuração genética que o identifica como indivíduo. Aparentemente somos biologicamente iguais, mas, na verdade, somos todos diferentes, somos únicos, individuais.
Além disso, o organismo biológico uma das determinações do sujeito é um poderoso e eficiente sistema com capacidade de conhecer o real, mas o biológico tem limites que dimensionam o conhecimento. Os nossos órgãos do sentido possuem limites. Se o estímulo estiver fora dos seus limiares, não será percebido. Há coisas que nossa visão não alcança, precisamos de requisitos tecnológicos que nos ajudem. Galileu, aprimorou uma luneta belga, para ajudá-lo a ver coisas que a olho nu não poderia ver nos céus.
O Piloto de um avião precisa do radar para auxiliá-lo no pouso. O médico precisa dos aparelhos de ultra-som, de raios-X , e tantos outros. Nossa memória, também, tem uma capacidade limitada de armazenamento de informações, precisamos de um computador. Se quisermos ver seres minúsculos que estão bem perto de nós precisamos de um microscópio. Todos esses equipamentos, ao mesmo tempo em que demonstram a capacidade criadora do sujeito, também denunciam os limites dos seus sentidos.
Além das determinações afetivas, cognitivas e biológicas, o sujeito possui também determinações sociais. O ser humano depende das relações sociais. Ele sente a influencia das crenças, dos grupos a que se liga, da língua que fala, do trabalho que desempenha, da economia que possui, da classe a que pertence. Mas o sujeito não assimila o social como um ser passivo, contemplativo, ele filtra o social, aquilo que lhe interessa, e as razões para a escolha são de seu inteiro arbítrio.
O indivíduo é sempre veículo da transformação e o conhecimento fica condicionado a todas estas determinações do sujeito.
A partir de tudo isso, podemos afirmar que : O objeto é a fonte do conhecimento; O sujeito transforma os estímulos recebidos do objeto dando-lhes novos sentidos; O conhecimento, é portanto, ao mesmo tempo, objetivo e subjetivo.
GUEDES, E.M. Curso de Metodologia Científica. 2a. ed. Maceió: HD Livros, 2000

Nenhum comentário:

Postar um comentário