21/08/2007

O papel do sujeito no processo do conhecimento: Duas teorias.

Nosso objetivo aqui é transmitir de forma bem simples, adequada a um blog, duas concepções importantes a respeito do papel do sujeito no processo do conhecimento.
Conhecimento sempre pressupõe a relação sujeito - objeto, o que quer dizer que a compreensão de mundo está sempre vinculada a uma relação de um sujeito que observa o mundo e interage com ele. Abordaremos aqui as teorias de Platão e a de Francis Bacon. São duas posturas que encerram diferenças radicais, mas que guardam certa identidade pelo fato de que colocam o sujeito numa posição passiva frente ao processo do conhecimento.
Francis Bacon entendia que deveríamos nos purificar nos exorcizando dos ídolos das antecipações mentais a fim de que pudéssemos ficar aptos a fazer interpretações da natureza e contemplá-la como ela é. Ou seja, se quisermos entender como funciona a natureza, deveremos nos libertar de todos os conhecimentos que foram passados para nós através da família, da religião, dos costumes e das autoridades em determinado assunto, para que possamos, a partir de nossa observação nua e crua , entendermos a realidade tal como ela é. Segundo Bacon, agente precisa observar a natureza, vê-la, ouvi-la, senti-la, tudo com a mente purificada, pois a natureza por si só fala e se revela inteira para a nossa mente.
Já Platão, no livro Mênon, expõe a teoria da Reminiscência. Ele se utiliza de um diálogo, feito de perguntas e repostas, que Sócrates desenvolve com um escravo. No diálogo, Sócrates envida esforços para que o escravo de Mênon apresente solução correta de um problema geométrico. Através de suas indagações, o escravo é levado a solução do problema: Ele conclui que o lado do quadrado de área dupla é a diagonal do quadrado de área simples. Segundo Sócrates, a solução já se encontrava na alma imortal do escravo, mesmo antes dele ter nascido.
O método utilizado por Sócrates chama-se maiêutica. A arte de fazer dar a luz, como se fosse uma parteira. A maiêutica consiste em um processo de purificação que nos levaria a enxergar o conhecimento verdadeiro e contemplar a solução exata e verdadeira daquilo que já sabíamos , antes mesmo de ter nascido.
A teoria de Platão pressupõe um sujeito passivo, mas com uma mente plena de conhecimento que precisa ser trazido à tona através da maiêutica.
Já a teoria de Bacon, atribui a mente uma condição nua de mera captadora de conhecimento verdadeiro, desde que previamente purificada. Essa teoria pressupõe um sujeito, além de passivo, também previamente vazio de conhecimento: um sujeito passivo de mente vazia.
Teorias mais aceitas atualmente oferecem um espaço maior ao sujeito. Um espaço que é delimitado pela realidade objetiva, mas que coloca o sujeito como agente cognoscente ativo e transformador.

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